sábado, 7 de julho de 2007

Instituto de Artes do Rio Grande do Sul

Em 1997 ingressei na Faculdade de Artes Plásticas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Se eu disser que minha estadia por lá foi de pouca serventia estarei mentindo, mas definitivamente não era o que eu estava procurando. Em primeiro lugar o quadrinho em si era desconsiderado pelos professores de lá, costumavam dizer que aquilo não se tratava de arte e sim um produto meramente comercial. A arte deveria ser feita pela arte e movida apenas pela inspiração do artista. Qualquer outro motivo que justificasse a produção de uma obra (dinheiro por exemplo) não era bem vista e costumava ser menosprezada. Trabalhar em cima de um estilo pré determinado que não fosse o seu também era considerada uma prática de mau grado. Foi uma época bastante difícil para mim. Imaginem um cara que fez quadrinhos durante uma vida inteira ficar um semestre inteiro sem poder desenhar uma figura humana. No primeiro semestre do curso de Artes Plásticas é assim, aprende-se somente os fundamentos do desenho (linha, texturas, composição, fidelidade, intensidade) e para isso usamos como tema somente a natureza morta. Um saco.
A partir do segundo semestre a coisa começa a melhorar um pouco, começamos a fazer uma cadeira chamada "desenho da figura humana 1". São introduzidas aulas com modelo vivo e também o uso de cores (antes só podíamos usar o grafite). O desenho que esta ilustrando este post foi feito em uma destas aulas. Fiz ele em cima de um rápido esboço de cinco minutos, depois a modelo mudava de posição e permanecia por cerca de dez minutos. Nesta fase tínhamos que definir cores e texturas a serem utilizadas. Por último ela retornava a posição original e permanecia por mais vinte e cinco minutos. Era nesta fase que dávamos o acabamento no desenho.
Acho que eu não fui um bom aluno, pois por mais que eu me dedicasse, meus trabalhos sempre ficavam parecidos com quadrinhos e como eu já disse, os professores não gostavam muito disso.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Made in U.S.A.

Este personagem criei com o intuito de dar umas alfinetadas no pessoal que eu julgava meio "bitolado". Minha intenção era ser irônico com aqueles que se limitavam a comer, usar, consumir de um modo geral o que vinha dos Estados Unidos. Gostaria de coloca-lo em confronto direto nas mais diversas e inusitadas situações, como por exemplo: brigar com um balconista que lhe oferecesse guaraná ao invés de Coca-Cola, tirar o palheiro de um caipira e lhe dar um maço de Malboro, tentar convencer as demais pessoas que os lanches do Macdonalds eram bons e saudáveis, etc... e muitas outras que só você lendo a História para saber.
Houve uma época em minha vida que eu fui uma tanto quanto exacerbado no diz respeito a nacionalismo. Só ouvia Legião Urbana, livros somente de autores nacionais e quadrinhos preferencialmente com artistas brasileiros. Realmente me incomodava ver adolescentes idolatrando (embora eu também o fizesse) os quadrinhistas americanos. Ficava pensando nos bons artistas que tinha-mos por aqui trabalhando e mostrando sua arte no universo underground. Na minha opinião o sol deveria brilhar para todos e os consumidores de quadrinhos e produtos afins deveriam também dar uma pouco de atenção para o que era produzido por aqui.
Hoje reconheço que foi apenas uma fase da minha vida, um pensamento que se foi do mesmo modo que veio. Hoje penso que o espaço deva ser conquistado pela sua qualidade e não por nacionalidade. Se os quadrinhos gringos aparecem mais que o nosso, talvez seja porque são realmente melhores, cabe a nós então produzir mais e melhor e deixar de se lamentar.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Escovinha de Dentes


Para fazer este desenho usei como referência fotográfica uma foto de uma modelo. O visual sado masoquista ficou por minha conta, mas a magreza da moça foi fielmente retratada por mim. A garota parecia extremamente anoréxica, seus ossos chegavam a ficar salientes em algumas regiões da pele. Para criar os cenários nesta ilustração eu fiz uso de uma técnica que aprendi com Marcos Pinto no curso do Visuart. Era bastante simples, mas dava um resultado bem legal no final. Colocava uma ou duas gotas de Nanquim nas cerdas de uma escova de dentes e depois "pulverizava" sobre o desenho em uma área previamente demarcada e limitada por máscaras de papel ou fita crepe. É claro que hoje fazemos isso mais rápido e com uma resultado talvez melhor no computador, mas naquela época não tinha nada disso não, era tudo no braço, se queria um efeito diferente tinha que usar a criatividade.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Mestre Mcfarlane

No comecinho dos anos noventa surgiu um desenhista que iriam servir de inspiração a uma geração inteira de fãs. Seu nome era Todd McFarlane. Meu primeiro contato com a obra deste artista foi nas HQs do Incrível Hulk. Lembro de ficar absolutamente impressionado com o estilo do cara, conseguia ser realista sem ser acadêmico, conseguia ter muito estilo sem ser completamente autoral. Nos anos noventa a cada 10 capas de gibis, pelo menos 7 eram feitas por ele, mesmo que o interior da revista trouxesse outro desenhista, somente a capa feita por mackfarlaine já garantia 50% das vendas. Um fenômeno que mais tarde dividiria o seu brilho com outros grandes nomes. A ilustração que eu fiz aí em cima é um exemplo desta influência, é claro que no meu caso mal dá para se notar, mas acreditem, em 1996 o meu sonho era desenhar como Todd McFarlane. O desenho foi todo feito com uma caneta a Nanquim (eu achava que os caras usavam isso) e foi mega hachurado ficando mais parecido com uma xilogravura. Mais tarde fiquei sabendo que se usava bico de pena ou pincel e a caneta ficava limitada aos traços com régua ou letras. Demorou.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

A Capa do Fanzine Panta

Esta é a famosa capa do Panta, Zine que eu editei no final dos anos noventa. A ilustração mostra o corpo de uma mulher abandonado em um suposto pântano embora o nome Panta de nada tinha a ver com o tema referido. Trazia três histórias de minha autoria e uma de meu amigo Paulo Mog a qual eu apenas arte finalizei. O fanzine também contou com a colaboração de Carlos Lersh que contribuiu com um texto sobre as mazelas da literatura nacional. Foi um bom zine, um "filho" do qual me orgulho muito pois alcançou os seus objetivos no que tange a qualidade. E uma pena foi eu não dispor de um computador naquela época para dar um tratamento melhor acabado no material, principalmente nos textos, que foram todos escritos na arcaica máquina de escrever ou na mão mesmo. Saudades.

A garota certa na hora errada...

Há sete anos atraz fiz este desenho. Era um presente para uma garota que conheci... talvez a melhor, mas é claro, isso eu nunca ficarei sabendo pois não ficamos juntos. Sei apenas que não fui um cara legal com ela, sei que eu estava passando por um momento difícil e que talvez eu a tenha usado. Sei que ela não se importou com isso e me trouxe de volta a felicidade. Sei também que não dei o valor merecido a esta atitude. A única coisa que eu não sabia era esta culpa que não vai embora, caminha junto comigo e volta e meia da as caras. Sete anos de silêncio foi um bom tempo, acreditem. Ficarei agora mais sete, acompanhando apenas de longe e contando com a sorte de cruzar o teu caminho mais algumas vezes assim como foram nos sete anos que se passaram. "A garota certa na hora errada". Foi isso que eu disse a ela sete anos atraz. Minha opinião ainda não mudou eu reconheço, mas se algum dia nesta vida ela resolver me ofertar com o seu perdão, estarei aqui esperando...